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Praças para todos: conheça a história de Fortaleza através das praças

Praças de Fortaleza ajudam a contar a história da cidade Na Praça do Ferreira, o movimento tem sido constante há mais de um século. No centro, o tradiciona...

Praças para todos: conheça a história de Fortaleza através das praças
Praças para todos: conheça a história de Fortaleza através das praças (Foto: Reprodução)

Praças de Fortaleza ajudam a contar a história da cidade Na Praça do Ferreira, o movimento tem sido constante há mais de um século. No centro, o tradicional relógio conhecido como Coluna da Hora, construído em 1933 em estilo Art Déco, simboliza o compasso do tempo que moldou a cidade. É ali, no “Coração da Cidade”, que Fortaleza ainda pulsa viva entre o passado e o presente. Além da Praça do Ferreira, a Capital abriga centenas de praças que ajudam a contar a história da cidade ao longo de quase três séculos. Atualmente, Fortaleza conta com 529 praças distribuídas pelas 12 regionais, segundo dados da Prefeitura. Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp Através de obras de requalificação e iniciativas que promovem lazer e cultura, esses espaços são pontos estratégicos de integração e oportunidades, promovendo o bem-estar da população. Nelas, é possível acompanhar a transformação da cidade e observar como os espaços públicos seguem desempenhando um papel essencial. Em tempos em que a interação humana parece cada vez mais mediada pelas telas, pesquisadores apontam que as praças são espaços de reconexão entre pessoas, histórias e comunidade. Elas mostram como Fortaleza aprendeu a se reinventar, equilibrando o avanço urbano e tecnológico com o desafio contemporâneo de preservar o encontro humano em meio à era digital. Praças oferecem opções de lazer e convivência para a população. Thiago Gadelha/SVM Para o sociólogo e professor Marco Aurélio de Andrade Alves, esses locais representam a possibilidade de resgatar a convivência social em meio ao isolamento causado pela hiper conexão digital e valorização dos espaços privados. Em meio a uma metrópole que investe e se faz cada vez mais concreto e barulho, as praças ainda servem como pontos de refúgio e calmaria, reabastecendo e reanimando os moradores, e permitindo o contato direto com a natureza, resgatando-se assim seus papéis e funcionalidade. ⛲ Esta é a primeira reportagem da série “Praças para todos”, publicada pelo g1 em celebração aos 300 anos de Fortaleza, que serão completados em 2026. Evolução histórica das praças Praca do Ferreira em 1960. Agência Diário Ao longo dos séculos, as praças desempenharam um papel fundamental na organização social das cidades, refletindo os valores, tensões e transformações da sociedade. Em Fortaleza não foi diferente “Cada época carrega um sentido específico de Praça, embora, sua funcionalidade enquanto espaço público venha a permanecer e a perdurar, independente do momento histórico”, declara Marcos Aurélio. Initial plugin text Papel das praças em Fortaleza ao longo do tempo Na capital cearense, as praças ajudam a contar a história da cidade. De espaços religiosos no período colonial a centros de comércio, lazer e resistência, elas acompanharam as mudanças sociais e urbanas ao longo dos séculos. Hoje, disputadas entre o público e o privado, seguem como palco da vida coletiva. Conheça a história das principais praças de Fortaleza Lazer, convivência e bem-estar Grupo de idosos praticam atividade física toda semana na Praça João XXIII. Kid Junior/SVM As praças desempenham um papel fundamental na vida urbana, oferecendo espaços de lazer, convivência e bem-estar. Para Manuela Campos, arquiteta e urbanista da Central de Serviços Compartilhados da Coordenadoria Especial de Apoio à Governança das Regionais (Cegor), esses locais são áreas democráticas que favorecem a saúde física e mental, fortalecem os vínculos comunitários e contribuem para a qualidade ambiental e a valorização das cidades. As praças são espaços públicos essenciais para o lazer, o convívio social e a qualidade de vida da população. Elas funcionam como áreas democráticas que promovem o bem-estar físico e mental, fortalecem vínculos comunitários e contribuem para o equilíbrio ambiental e a valorização urbana, especialmente com o paisagismo e o sombreamento que ajudam a reduzir ilhas de calor . Nas áreas periféricas de Fortaleza, as praças ganham ainda mais relevância, já que, para muitas famílias de baixa renda, elas representam a única opção acessível de lazer. Praça João XXIII possui playground, quadra esportiva e estação de exercícios para a população. Kid Junior/SVM "A praça como espaço de uso e acesso gratuito inclui segmentos que possuem limitações financeiras e não conseguem acessar o mercado do lazer privado e pago, tão comuns nas cidades contemporâneas onde os shoppings, bares, restaurantes, cinemas, e outros empreendimentos se fazem templos do lazer e do consumo, palcos para o acesso à cultura”, aponta Marcos Aurélio. Porém, o sociólogo chama atenção para as desigualdades urbanas que se refletem na distribuição e na qualidade desses espaços. Segundo ele, as praças com melhor infraestrutura e manutenção estão concentradas nas áreas mais nobres, enquanto as localizadas na periferia enfrentam abandono e precarização. Sociólogo aponta que praças periféricas não são tão bem cuidadas quanto praças de bairros nobres. Thiago Gadelha/SVM Em relação à segurança, o pesquisador defende que a ocupação das praças contribui para reduzir a criminalidade, pois a presença constante de pessoas cria uma espécie de controle social espontâneo. Quanto mais pessoas habitam a praça, mais 'olhos' estão presentes, e, consequentemente, mais seguro o espaço público se tornará. Entretanto, é importante associar que este tipo de controle deve estar associado a outros mecanismos e dispositivos de segurança. Refúgio contra o mundo digital Especialistas também apontam as praças como refúgio contra o mundo digital. Para Newton Becker, professor do Instituto de Arquitetura, Urbanismo e Design da UFC, e Julia Miyasaki, doutoranda na mesma área, a expansão do ciberespaço não pode substituir a experiência de estar em um espaço público, conviver com outras pessoas e participar ativamente da vida da cidade. Embora essa tendência seja global, ela não pode ser usada como justificativa para reduzir investimentos em praças e outros espaços coletivos. Os pesquisadores reforçam que esses locais devem permanecer uma prioridade no planejamento urbano, garantindo acesso a áreas livres para lazer, cultura e convivência para todos. “O tempo da integração digital não pode compensar a impossibilidade de frequentar o espaço público. O fortalezense está cedendo às facilidades sedutoras da tecnologia e da mobilidade conveniente e barata por aplicativo. Esse movimento é global, mas não é premissa para reforçar o papel que o espaço livre público, de acesso a todos, permaneça no planejamento da cidade como prioridade”, declaram. Assista aos vídeos mais vistos do g1 Ceará:

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